sábado, 5 de setembro de 2009

Calvário Brasileiro



















O CRUCIFICADO
Não nasci em uma manjedoura.
Para mim não havia uma gruta acolhedora.
Nem tampouco uma estrela para todos guiar.
No hospital não tinha vaga para mamãe ficar.
Por isso nasci no meio da rua.
Não vieram reis me presentear.
Ganhei apenas um pano velho,
que cobriu minha pele nua.
Os anjos do céu não se puseram a cantar.
Meu pobre pai era carpinteiro,
Mas não pode me ensinar essa profissão.
Pois antes de eu nascer,
foi morto pela polícia.
Seu crime? Além de ser pobre era negão.
E é assim que a revolta inicia...
Não fui à escola e nem conheci o templo.
A rua com suas leis
Foi que me ensinou a grande lição,
De matar para não morrer.
E hoje ha sangue sujando a minha mão.
Negaram-me o futuro, um motivo para viver.
Agora nada mais irá me convencer,
Que algo de bom venha me acontecer...
A cela que agora estou,
Encontra-se superlotada.
E a minha alma foi a sorteada,
Para crucificada morrer.
Na minha via crucie, não há choro ou lamentos.
Nem alguém para aliviar esses tormentos,
Mesmo que fosse por poucos momentos.
Por favor Pai, eu não quero beber desse cálice...
Mas agora está tudo consumado.
E meu corpo jaz pendurado,
Selando o destino que desde o início já estava traçado.
Brasil... Por quê me abandonaste?


CARLOS MEDEIROS

2 comentários:

  1. Sabe, ao ler esse teu poema me lembrei de uma musica do Oswaldo Montenegro que gosto muito se chama:Minha historia, onde ele tbm fez uma analogia de Jesus Cristo, não sei se a conhece, mas acredito que irá gostar.Afinal, Jesus Cristo é sempre mt bom ser lembrado ou falado, afinal deixou bom exemplos para nós. Contente em te ler novamente meu amigo, acredite que daqui estarei sempre torcendo por ti.Ficas bem,beijo grande em teu coração, e te cuidas.

    ResponderExcluir
  2. Saber que meus poemas e consequentemente este blog, lhe traz boas recordações e sentimentos, me deixa muito feliz. Um beijo!

    ResponderExcluir