domingo, 4 de abril de 2010

Uma Verdade Inconveniente















FORTALEZA, VIRGEM VIOLENTADA


O sol se põe na ponte.
Matizes de cores e sonhos,
Encerram um tempo distante.
De simplicidade alegre,
E inocência cativante.
Na soleira da porta,
Contamos as estrelas.
E com palavras maliciosas,
Falamos da vida alheia.
E tudo corre diante de nós,
A noite avança.
E nos recolhemos tranqüilos.
Mas o futuro amanhece,
Iluminando esse pesadelo atroz.
Despertamos os problemas que só crescem,
E a cidade incha de forma veloz.
Seus filhos ganham as ruas.
Nelas brincam, correm, roubam e matam.
Suas filhas são poliglotas e nuas.
Alemão, inglês, espanhol e italiano.
Recebem em dólar e pagam em lágrimas.
A Fortaleza caiu,
Diante de bárbaros de todas as partes.
Mas o sol teima em brilhar entre arranha-céus.
E nossa imundice deságua,
No que já foram verdes mares.
Pobre Iracema...
Virgem dos lábios de mel.
te encontras abandonada e violentada.
E agora teu gosto é amargo como o fel.
Não obstante a tudo,
Continuas bela.
Com essa maquiagem falsa e carregada.
Mas dentro de ti o pranto cai.
Pois a lembrança é por demais pesada.
E tua inocência não existe mais.

CARLOS MEDEIROS

2 comentários:

  1. Nossa Carlos bem atual esse poema, uma dura realidade de nossa sociedade... Parabens meu amigo!!!

    ResponderExcluir
  2. É sim Márcia, junto com a exploração do turismo, veio o monstro da exploração sexual e da delinquência infantil. Aconteceu isso de forma muito forte aqui em Fortaleza. Beijos.

    ResponderExcluir